terça-feira, 26 de maio de 2009

Que crise é essa?




Tempos de crise não é? Recessão, ajustes nos gastos, desemprego, noticiários alarmantes, políticos e estado procurando saídas, corporações falindo. O que faz sentido nessa avalancha informacional? Na concepção desta escrita pensei muito no que significa para cada um essa crise, ou seja, qual é a resposta pessoal, interior, de cada ser à tudo que vem acontecendo.

Resumindo (bastante) alguns acontecimentos, a crise nasce com empréstimos/financiamentos cedidos sem nenhum cuidado com o fim habitacional, e que, quando não pagos, desencadearam uma quebra no mercado mundial, até por ter tido seu começo no grande centro capitalista do mundo.

À guisa da economia política, vemos uma quebra do modelo neoliberal e da globalização, talvez, um passo em falso do grande capital especulativo. Em um último congresso ouvi até mesmo um movimento de “desglobalização”, nas palavras do grande geógrafo Antonio Carlos Robert Moraes. O enfraquecimento do Estado tão falado anteriormente, pára de fazer sentido, sendo este agora o fomentador de políticas econômicas da “salvação”.

Já sobre a perspectiva da Geografia, vemos a crise do capital volátil e invisível tornando pessoas também voláteis no espaço, sem moradia, desterritorializadas, fato outrora não visto quando o capital era produtivo. Numa analogia escabrosa, vemos o capital sem território deixando pessoas sem territórios.

Do ponto de vista da Comunicação Social, o turbilhão de números e notícias agride o ingênuo espectador. Sem a mínima triagem dados são cuspidos e o brigados a serem engolidos. Lança-se uma crença pessimista que transforma fatos em negatividades, que reafirma a crise e que abre uma brecha para argumentar incapacidades ou mesmo demissões. Uma força para o “dar errado” que move o grande motor econômico do mundo em crise.

A partir desta visão geral, um tanto quanto crítica, passo ao que de fato me levou a pensar no tema. Como uma pessoa de pouca idade e memória de longo prazo, me remeto a uma crise que vivi e muito recente, chamada de “crise ambiental” e que teve seu ápice em 2007 com um relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que trouxe toda a polêmica do aquecimento global induzido pelas produções antrópicas de carbono e toda a balela dos que construíram um sistema gerador disso tudo e agora tomam atitudes verdes, reciclam, compram e vendem créditos de carbono e mais um monte de “hipocrisias ambientais”. Assistimos uma justaposição de crises! Engraçado que sem a mínima correlação. A “Veja” agora não fala mais do meio ambiente e sim da grana. O “Fantástico” esqueceu da enorme produção de lixo sem destino e agora só fala da redução da alíquota do IPI!

Mas, que crise é essa? A resposta é simples. Não é a crise da economia norte americana, nem a crise da natureza ou meio ambiente. É a crise do homem. Crise de sua prepotência. Crise do sistema por ele criado. Crise da subjetividade e da sociedade. A crise da (falta de) crítica. A crise do cego que não quer ver. Da desigualdade e da ganância dessa espécie.

Enxergar isso tudo não é um exercício complicado. Não é preciso ler Weber, Marx ou Giddens. Basta ir pra rua ou olhar pela janela. Usar os sentidos tão sagrados nos dado para perceber que está tudo errado, tudo às avessas. Convido-os ao simples trabalho de tentar compreender o que nos é passado, com criticidade, ou mesmo entender o espaço, suas mazelas e segregações. Entender como a racionalidade não dá mais conta de explicar ou resolver a contemporaneidade. Isto feito, promova uma mudança que você acredite, não a que alguém te inspirou. Fale pro mundo sobre o que sua percepção foi capaz de interpretar, de forma sincera. E comece (su)a Revolução.





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