segunda-feira, 6 de julho de 2009

A Vida em Espiral: ontologia da dinâmica existencial

Ousadia total falar de filosofia. Difícil tarefa de imaginar o que os outros seres pensam da vida, ou mesmo tentar se afastar do que você pensa para chegar num pensamento de todos. Um exercício pesado, arrojado, que requer no mínimo uma revisão do sentido da vida, dos estímulos, das razões e emoções. Imaginar o que os outros pensam da vida, sem esquecer o que você sente, é meio por ai. Complexo. Mas vou arriscar, acredito que não tenho nada a perder e estou sobre ombro de gigantes, no referido caso, de um gigantesco filósofo francês e sua turma, Sartre.

Acredito que o que venho apresentar é uma releitura ou mesmo uma tentativa de simplificar a linguagem deste e de outros grandes célebres (talvez os negue ao longo do texto para os mais estudiosos..). Sartre propõe a visão da vida numa espiral e a partir dessa idéia e tese central que se fará a argumentação. Trago claramente a visão sartreana para as minhas, distorcendo-as. Chega de metadiscurso, vamos lá!


A proposta da vida em espiral, na verdade, nasce com um círculo, sendo que este tem como centro o sujeito. Basicamente, este sujeito esta cercado de pessoas e coisas. Com um enfoque nas pessoas e nas relações entre elas e o sujeito, temos um círculo próximo a cada ser, formado pela família e por pessoas que se relaciona m com mais freqüência, ou seja, pessoas que fazem parte de sua vida com mais força, que se configuram como pessoas-sentimento, seja pelo conjunto de história juntos ou mesmo por uma afinidade que aproxima. Ainda conformando o círculo, temos as pessoas desconhecidas, estranhas, mas que em algum momento podem se aproximar do centro do círculo, o que gera um esquema mais ou menos assim:




No centro (em preto) temos o ser. Num círculo próximo, temos as pessoas mais próximas, como familiares e amigos (em vermelho) e mais afastado temos um círculo com pessoas desconhecidas (em azul). Repare que não existe um limite entre os subcírculos, o que afirma uma possibilidade de mobilidade, como exemplo um estranho se tornar um amigo.


No entanto, tal análise feita de um ser, quando justaposta a de outro ser, já que cada ponto no círculo se refere a um, revela-se num emaranhado de círculos. Ou seja, as pessoas mais próximas de um ser, acabam se tornando conhecidas de outro, num esquema como este:



Assim, existe uma correlação de círculos inevitável. Talvez uma bela explicação para o fato de sofrermos tanto com a perda de uma pessoa. Isso pode significar ter que perder também os próximos dela.


Mas, para imaginar a idéia do espiral, devemos dar a este círculo um movimento, uma seqüencialidade. E para o movimento precisamos de uma força motriz. A partir dessa força e da diferenciação dos eixos da espiral, a proposta que se faz de interpretação da existência é a seguinte:



a da compreensão de que a espiral gira em função do tempo (x), o que permite afirmar que de acordo com o tempo temos mudanças acontecendo dentro do círculo em movimento, e a de um outro eixo que seria o espaço (x). E ainda,




a de que o que move nossos tempos e espaços diferente é uma força vital (no desenho a que passa pelo meio da espiral). Acabada esta, tem como conseqüência o final dos eixos espaço-tempo e da existência.


Bela quantificação ou geometrização da vida não é? Mas sem algumas conclusões e aplicações não faz sentido. Então vamos lá:


- Cada ser é responsável por seu tempo e espaço. Passar um dia em casa, se escondendo do mundo, sugere um afinamento da espiral. Faça do seu espiral o mais grosso possível: viaje, aproveite sua cidade, visite lugares inusitados e consequentemente...

- Adense seu círculo/espiral. Encha-o de pessoas! Faça de suas relações as mais próximas possíveis;

- A força vital é uma dádiva. Logo, desfrute-a. Experimente locais e situações e aprenda. Você esta aqui pra isso;

- A origem da espiral e sua continuidade não estão em questão aqui (isso dá um pano pra manga..)

- Perceba que cada ação em sua espiral atual tem alguma coisa a ver com o seu caminho percorrido: memórias, espaços, informações armazenadas responsáveis pela percepção e subjetividade
- Num artigo aqui (“Ser idoso no mundo - subjetividade”) sugeri a diferença do tempo e espaço dos idosos. Assim, temos que a tendência da vida é que cada vez mais a espiral se torne achatada...


E que cada um faça sua reflexão! Tente se encontrar ou mesmo discordar (n)dessa proposta. Lembre de que enquanto seu espiral existe, existe um ser que deve estar disposto a conhecer pessoas, espaços e espaços-tempo (situações), nem que estes sejam na imaginação ou que as pessoas se tornem cada vez mais próximas ao invés de novas. Isto é curtir a vida. Isto é dar chance pra desvendar o mundo...


Abraço para todos! Desculpe se exagerei na viagem e os desenhos de paint!


Nathan


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